dijous, 26 de juliol del 2012

Birti



Malparla l'islandès i fa veure que sap alemany quan demana, amb ulls de nibelung, poma, userda o pastanaga. El sud del castellà se li fa lluny, i no pensa ni intentar dir «dressage», «équitation», «cheval». De català, ni un borrall. Ni portuguès, italià, romanès, rus, anglès, cockney, lunfardo. Com a molt, el críptic idioma dels nens o els jeroglífics del vent a les copes dels arbres.

Això sí: sempre, sempre, treu la llengua.
I fa que sent ploure.

dimecres, 25 de juliol del 2012

Lectures infinites II: L'espuma dels dies (Memòria de Delft)


Prefacio

En la vida, lo esencial es formular juicios a priori sobre todas las cosas. En efecto, parece ser que las masas están equivocadas y que los individuos tienen siempre razón. Es menester guardarse de deducir de esto normas de conducta: no tienen por qué ser formuladas para ser observadas. En realidad, sólo existen dos cosas importantes: el amor, en todas sus formas, con mujeres hermosas, y la música de Nueva Orleans o de Duke Ellington. Todo lo demás debería desaparecer porque lo demás es feo, y toda la fuerza de las páginas de demostración que siguen procede del hecho de que la historia es enteramente verdadera, ya que me la he inventado yo de cabo a rabo. Su realización material propiamente dicha consiste, en esencia, en una proyección de la realidad, en una atmósfera oblicua y recalentada, sobre un plano de referencia irregularmente ondulado y que presenta una distorsión.
Como puede verse, es un procedimiento confesable donde los haya.


Nueva Orleans, 10 de marzo de 1946


BORIS VIAN, La espuma de los días, Madrid, Cátedra, 2005



diumenge, 22 de juliol del 2012

Jet lag



Ese amarillo claro era el color de su viento natal.
FLANN O'BRIEN


De vacances a un estiu des d'on costa imaginar-se el sol mentre crema el paisatge que estimo.
No poder dormir, i sentir caure la pluja.
Com una falsa promesa del vent.




dimarts, 17 de juliol del 2012

Tropic Beach

Die süsse Stunde



All over, people are here and somewhere else. 

Has it always been like this? And will it ever matter?
These days, technology is what mostly provides us the amazing chance to forget about ourselves as long as «oneself» means here and now. The chance, in a day, to eat in Japan, buy a souvenir from Tangier or rock our dreams in a hammock, somewhere in Brazil. To chat and chill out with tens of people in a sole afternoon, to wake up in Tombouctou. Or to meet the love of our lives without leaving this room. The chance to get lost, spaced out, in the most radical, concrete, material way. Wave. Better as tinier, we can have a band in a box, a friend in a form, a life in a web, the world in a screen. Hidden in our pockets, hanging from an ear, clicking at our fingertips. 
I sit on a beach in a foreign country, unaware, trying to find this moment in the GPS (another language fills the air around, other smells, similar smiles, opposite tides. An ancient worry brings that old fisherman down. A light idea makes those children laugh. And over there, a woman leaves her love behind) whilst imagining a clever sentence that could fit this landscape in a Tweet. (After a while, instead, I write #this morning I did'nt cut my nails). 
I feel like not knowing how to look around. How to  see inside. How to get out.
Loaded with gadgets that witness our lives, set up our routines, take our family, our language and our friends to us and carry our words and our pictures of any world with us. All over, at any time. Can we ever be foreigners? 

And will we ever be at home?

I wonder about these gadgets and these ways (in front of the waves)... wether they are either the answer to the human need to fly or the reflection of the daily dream to hide.


I wanna be here with you like we are now: without having to set an alarm that reminds us when to breathe. 

Is there a chance to switch off and let the day go?   

So far, babe, listen to the ocean snore.
And wait until all beeps and voices melt into the sound of rain.






Heimreise

Von Koblenz... zu Köln

An Anneblume


Eine Sprache verbindet unendliche Ansichten der Welt wie auch eine Weise sich Heim zu fühlen.

Ich will Deutsch lernen.
Um dich zu erleben.



                          
(Una llengua comunica infinites visions del món com una sola manera de sentir-se a casa. 

Vull aprendre alemany.
Per viure't.)

Zu Koblenz



An Petra


Ich bin im Zug, in den Morgen hinein.


An das Reisen denken...


Wenn du reist, fährst du zurück zu dir selbst.
Um wieder frei zu sein.
Zum hier und jetzt,
in den Morgen hinein.

                                                

                                                 Deutschland, Sommer 2012

                         
Sóc al tren que va cap al matí.
Penso viatges...
Anar de nou cap a un mateix,
altre cop lliure.
Aquí i ara,
cap a dins del matí. 

dilluns, 9 de juliol del 2012

Doce vida




À Leda,
Larinha, Juju

À tia Paulinha



– Não acredito que você não sabe, Ju, que você nunca tentou. É sério? Então, como você faz antes de dormir?

            Perguntou a menina superpoderosa, louríssima. E tão meiga, tão amiga. Imensa Juju.
            Juju achava que eu estava brincando, só pode. E eu fiquei com vergonha, não devia ter dito? Mas não vai mentir para criança, não, e ela perguntou… Ali, no embalo da rede, no vaivém da noite na varanda, no farol de Santa Luzia: em casa.

            Ela perguntou e eu respondi a verdade: eu não sabia rezar.

             O dia tinha fechado mais um atalho no calendário, e já colocaram água no vasinho do beija-flor. Tudo a posto, pare o mundo, que o resto pode ficar para amanhã. Aí a noite pediu licença, estava chegando a hora de toda criança sonhar. A hora das fadas.
            Ô momento difícil:

– É hora de dormir, Juju.
 – Ah, n­ão, Ju, ainda não. Vai, está cedo demais… Embora aprender como é que faz, é tão fácil.

            (E não é sempre assim? Os adultos procurando a própria felicidade; as crianças, a do mundo.)

– Tá bom, Julinha. Será que dá para aprender assim, aqui, em meia horinha? Olha que amanhã tem escola.
 – Dá, Ju, dá sim. Embora.  


Ô meu deus de todas as coisas bonitas, do céu e da chuva, dos riscos de espuma, finíssimos no mar em calma.
Do sol e da lua.
De todos os dias que sonham a vir. De tudo o que já era. Meu deus do aqui e agora para sempre e um dia.
Ô meu pai, meu amigo

– Tá bom, Ju, nem precisa se alongar tanto, deus já sabe quem é.

 (Será?
Fiquei parada, caladíssima, esperando, curiosa, uma resposta. E veio.)

– Eu faço assim, conto a história do dia, o que foi que eu fiz, o que penso em fazer amanhã… Digo como vejo as coisas, falo do que sinto, das pessoas que eu amo.

            (Divido o que sou. E multiplico a esperança).

–Ah, é? Então, é como contar e ouvir historinha?

            (Como ir tirando a roupa devagar. O chapéu, o sobretudo, as máscaras. Terno, gravata, camisa, calcinha, saia, anéis. O casacão do medo, as lágrimas. A vaga lembrança das minicertezas, tudo o que a gente já esqueceu. Tudo para fora. Como deixar o coração na ponta da pele, tatuagens no ar).

            Eu estava me empolgando…

– Juju, rezar é como ler um conto, de noite, para gente não ter mais medo de desligar a luz? É, Julinha?
 –É.
           

            (Rezar é ninar o mundo)





            Abertas cicatrizes de luz


Ô meu deus do sol e da lua,


Hoje eu viajei dez (mil) anos atrás.
Lá pra onde tudo começa como a promessa de uma grande aventura. No trem, na areia, no meio da rua: aí onde faz sentido dizer para sempre como nunca mais.
Pare o mundo, que eu quero descer  
aqui,
lá no farol, na barra, no arco-íris da terceira de todas as pontes.
No rio Jucu, no rio doce.
Em Anadia.
Na varanda.
Em Salvador, da mão de uma voz que canta e descobre.

Eu quero ir para praia comer carangueijo, que anda para atrás.
Na barra ouvir Congo, sentir a maré encher.
Quero voltar, tartaruga veloz, pra onde ainda não fui. Tirar a casca e ficar nua.

Estamos aí,

viu?

No ateliê, ouvindo música até as mil.
Batendo papo, morrendo de rir. Brincando horas a fio. Sonhando leves, virando amigas, saudando à beleza. Cumprindo vinte-e-três e fazendo as pazes. Com o que não parece, mas é. Bonita. É bonita. É bonita. Doce vida. (Só ficando sérias para assistir à palestra do Px. Para escutar à pequeña vendedora de fósforos. Para avaliar o som ou a luz da próxima função. Da palavra seguinte.)

Qual é?

Obrigada.
Tanto. Talvez você nem sabe.
Por ter me aberto as portas. Da sua história, sua vida, seu mundo. De sua casa. Por cada viagem e todas as risadas. Por tantas noites. Pelas descobertas. Pela hora do abraço. Por você ser você. E por ter me ajudado, me querido, me puxado. A crescer. A criar coragem. Força. Alegria. A dividir. A acreditar. (No teatro, na aventura, na ternura). A viver.

Por ter me ensinado a dizer,
há dez (mil) anos atrás,

você mora em meu coração.

E hoje eu sinto profunda saudade.


– Já fiz, Juju, rezei. Agora vamos dormir.

– Tá. Mas amanhã, para sempre e um dia, você tenta outra vez.




À Leda,
à Lapinha,
à Juju.

À tia Paulinha.

Eu amo vocês